domingo, 23 de maio de 2010

Paris...

Devo dizer que a minha percepção de Paris não eram nem boa nem má, digamos que era indiferente. Com efeito, Paris nunca foi uma cidade que me cativasse, não porque a conhecesse mas simplesmente, por uma ideia pré-concebida de que não era uma capital da minha 1ª escolha (vá-se lá saber porquê).
Iniciei então a minha visita de 2 dias a Paris, um imperativo da multinacional que me contratou (IHS subsidiária da Europ Assistance-EA). Marcaram o voo, hotel, táxi, etc., tudo como se eu fosse o elemento mais importante da organização. De facto não sou mas foi assim que me fizeram sentir. Mas, relativamente à maneira como fui recebido já voltarei a falar...
Cheguei então a Paris pouco depois das 11h do dia 20 de Maio. Para contrariar a minha ideia sobre Paris, França e os Franceses, ainda não tinha chegado há 20 minutos e já  a minha ideia tinha mudado por completo, para melhor!! Não é que no passeio, a falar ao telemóvel, no meio de tanta gente, estava um homem vestido com uma camisola do Glorioso SL Benfica!?? Só me apeteceu gritar: Campeões, nós somos campeões...
É nestes "pequenos" promenores que se vê a cultura, a grandeza de um povo!!!
Ficou logo ali garantido que esta minha curta estadia iria ser fantástica, será mesmo uma experiência a repetir.
A cidade (pelo menos do pouco que vi) é muito bonita. De construção e organização tipicamente europeia, destacam-se os edificios, verdadeiros monumentos arquitectónicos dignos de serem observados com atenção. Avenidas grandes, largas, atravessadas por ruas estreitas, por onde circulam os milhares de motas tipo "vespa" que serpenteiam por entre o trânsito.
O parque automóvel é semelhante ao nosso (excepto no número claro) não conseguindo distinguir uma marca ou tipo de veiculo predominante. Grandes, pequenos, caros e baratos, novos e velhos, de tudo um pouco se vê nas ruas de Paris.
O que curiosamente também se vê, à semelhança de Lisboa e Portugal, é o trânsito caótico, o desrespeito pelas regras de trânsito e pelos outros ocupantes da via (mesmo que sejam peões). Até me admirei, pela maneira como conduzem, que não sejam eles no 1º lugar da europa no nº de acidentes rodoviários. Pelos vistos ainda têm de se esforçar mais para nos ultrapassarem!
Em geral, as ruas são relativamente limpas...
Uma coisa que me marcou mal cheguei foi a quantidade de sem-abrigo presentes nas ruas. Mendigos de ambos os sexos, em qualquer rua, deitados em qualquer lado, pedindo esmola ou apenas vagueando sem rumo certo...Se os britânicos os "escondem" já os franceses parecem não ter grande problema na convivência com eles pois, pelo que me apercebi, eles são como que parte da paisagem...Infelizmente, passa-se, olha-se como se nada fosse e continua-se na vida stressante da grande metrópole.
Policia vi pouca, pelo menos nas ruas por onde andei. Fruto de uma baixa taxa de criminalidade? Não sei...
Pois bem, voltando à visita de trabalho, lá fui de táxi (reservado e pago pela IHS) do aeroporto até ao escritório numa das ruas do centro de Paris. Mal cheguei fui logo convidado para ir almoçar. Ora, como bom Português, aceitei!
Fui então "conduzido" até à cantina (foi assim que me disseram) do grupo Generali, onde os colaboradores de várias empresas vão almoçar. À chegada tive de dar o meu BI e recebi em troca um cartão de visitante, muito útil pois desbloqueou o torniquete de acesso à dita cantina. Habituado a comer em refeitórios de hospitais esta "cantina" pareceu-me mais um self-service de um hotel de 5 estrelas, tal a categoria de apresentação da comida, a sua qualidade bem como o espaço fisico em si. Impressionante!!
Depois do almoço (também pago pela IHS), voltei para o escritório onde esperei por um táxi que me levou à sede da EA em Paris, para uma visita à divisão médica e respectivo call-centre.
Nesse call-centre tratam de receber as chamadas dos segurados que necessitam de repatriamento por questões de saúde, tratando de tudo o que seja necessário desde avião, macas, equipamento médico, equipa médica/enfermagem, etc. Em nada fica a dever ao CODU, quer em meios humanos quer materiais.
Chegam a trabalhar, no memso turno, entre médicos e enfermeiros, 12 profissionais, de várias nacionalidades, para além de administrativos em número que não consegui averiguar.
Já a divisão médica, própriamente dita, gere as equipas médicas/enf. bem como todo o equipamento necessário para realizar evacuações. Desde a organização, à logistica e ao equipamento, tudo é em grande. Têm a maior reserva (privada) da europa de oxigénio em garrafas, possuem vários kits de equipamento (incluindo ventiladores portáteis), o que lhes permite realizar SAV a 50 doentes em simultâneo. Impressionante mais uma vez.
E depois de cerca de 1h de visita lá voltei à IHS onde estive à conversa com a coordenadora dos recursos humanos. E voltando ao inicio da minha narrativa (não à parte da camisola do CAMPEÃO SL BENFICA), mas à parte em que falo da forma como me receberam. A simpatia, a disponibilidade, amabilidade, demonstrada por todos é algo que, de facto, infelizmente, não estou habituado. Todos com um sorriso, uma palavra de apreço, gratidão mesmo, sempre dispostos a falar sobre o que fazem, como fazem, mostrando interesse pelas minhas perguntas, comentários, com uma alegria no trabalho invejável, sempre em ambiente multicultural, foi muito agradável de ver e de assinalar.
Terminei o meu dia com a ida a pé (algumas dezenas de metros apenas) para o hotel onde fiquei alojado num quarto muito bom com vista para as ruas da capital francesa. Depois foi passear pelas redondezas e ir comer qualquer coisa pois o estômago já estava a dar horas.
O dia seguinte foi mais do mesmo, ou seja, conhecer mais pessoas, falar com elas, saber o que fazem... para depois ter tido mais algumas horas para ir passear pelos jardins do museu do Louvre, ruas circundantes, etc.
Mais uma vez fui de táxi para o aeroporto. Pelo caminho pensei no belo tempo que ali passei. Muito curto, de fazer crescer água na boca. A vida em Paris é cara (por ex: 1kg de bananas custa 2€), é tudo mais caro do que em Portugal, mas de facto continuamos muito atrás de todos...Já tinha tido essa noção quando permaneci em Londres, mas agora, com mais esta experiência, compreendi quando dizem: "Portugal na cauda da Europa..."

Beijos e abraços